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Baiano de 15 anos cria brinquedos com materiais recicláveis e quer ensinar a crianças

Papelão, grampo e papel. Esses são os itens dos quais o soteropolitano Igor Jamal dos Santos, de 15 anos, precisa para dar vida a carros, casas, espadas e até as famosas pistas de carrinhos da Hot Wheels. Brinquedos que, em sua forma original, são caros e pesam no bolso dos pais e responsáveis que querem agradar as crianças, mas que, para Igor, desde quando tinha cinco anos, só custam o tempo e a criatividade que ele utiliza para produzi-los em seu quarto. Um talento que surgiu depois do pequeno ver, na internet, o quanto era possível ter em casa os sonhados brinquedos sem precisar gastar muito dinheiro para isso. 

Cheio de vontade de passar o tempo com brinquedos que via com os outros, Igor, morador do bairro de Cidade Nova, recorreu a vídeos para começar a fazer os seus de maneira artesanal e, depois, criou suas próprias técnicas de produção. “Olhava os brinquedos e queria ter, achava legal. Como em casa a gente não tinha condição de comprar, comecei a usar minha imaginação para criar com as coisas que eu tinha por aqui. Vi uns vídeos para começar e, a partir disso, fui pensando e desenhando meus brinquedos”, conta. Com o tempo, ele passou a utilizar também tampas de panela, caixas de pizza, CDs antigos e tampinhas de garrafas nos seus projetos.  

A diversificação não se limita aos materiais que ele passou a dominar na produção dos seus brinquedos. O que começou como uma brincadeira, com itens pequenos, foi ficando mais impressionante quando ele começou a ousar.

“No começo, era só carrinho mesmo, coisa pequena. Depois, comecei fazer umas casas que dava pra entrar, carros grandes com volante e até beyblades com arena de luta. Fui aprendendo as coisas e só precisava olhar para entender como fazer”, explica. 

E a técnica impressiona até hoje a mãe do jovem, Maria Aparecida dos Santos, 50 anos. No início, ela pensou ser só uma brincadeira com papelão, mas foi percebendo o dom ao ver os brinquedos construídos. “Um dia na loja, ele ficou olhando uma pista de Hot Wheels que custava R$ 270. Falei: ‘Jamal, não posso comprar isso’. Ele deixou lá, saímos da loja e, quando chegou em casa, foi pro quarto e lá ficou. No outro dia, estava a pista igualzinha, feita com papelão”, lembra ela, cheia de orgulho das proezas do seu filho.

Garoto quer criar canal no YouTube (Foto: Paula Fróes/CORREIO)

O talento ainda deve evoluir, afinal, Igor Jamal participou da Escola Aberta Vila Sul, ação do Goethe-Institut de Salvador que atende 44 estudantes de escolas públicas com foco em iniciativas de sustentabilidade, inovação e cultura maker. Na ação, o jovem esteve em aulas remotas para aprimorar o talento. “Vi várias técnicas de produção e ferramentas que não conhecia. Agora tô ainda mais preparado para desenvolver brinquedos diferentes, aprendi demais”, declara o estudante. 

Canal no YouTube
Ele quer compartilhar sua habilidade. O jovem sonha em fazer um canal no YouTube para ensinar outras crianças como fazer seus próprios brinquedos. “Como eu, sei que existem outras crianças por aí que não têm condições de comprar e têm muita vontade de brincar. Aí eu queria fazer um canal pra ajudar. Lá eu ia mostrar como fazer, o que precisa ter em casa e tudo mais de um jeito simples”, conta.

O sonho só não saiu do papel ainda porque Igor Jamal e a sua família ainda não sabem como fazê-lo da melhor forma e procuram ajuda de alguém que saiba como produzir conteúdo em vídeo para começar. “Precisamos de orientação de como fazer para que chame a atenção das crianças, do cuidado que é necessário quando se trata da produção de conteúdo para crianças. Só falta isso mesmo para ele começar”, afirma a mãe Maria Aparecida.

*Sob supervisão da subchefe de reportagem Monique Lôbo

Fonte: Correio

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