Ribeira do Pombal

Duas cidades, uma origem, uma rivalidade silenciosa no semiárido baiano

Quem olha rápido pode achar coincidência. Mas quem mora por aqui sabe, Ribeira do Pombal e Euclides da Cunha nasceram juntas no calendário, foram emancipadas na mesma data e cresceram no mesmo chão duro do semiárido. Desde então, caminham lado a lado, às vezes em parceria, às vezes em comparação. E, inevitavelmente, em rivalidade.

Euclides da Cunha é mais populosa. São cerca de 57 mil habitantes, contra pouco mais de 53 mil de Ribeira do Pombal. Esse dado, sozinho, já rende conversa, debate e aquela comparação inevitável de quem é maior, quem pesa mais no mapa humano do sertão. Mas população nunca conta a história inteira.

Quando o olhar se volta para a economia, o enredo ganha nuances. Ao longo dos últimos anos, as duas cidades cresceram, resistiram às crises nacionais e ampliaram sua relevância regional. No entanto, o ritmo e o resultado desse crescimento não foram idênticos.

Ribeira do Pombal passou por uma transformação econômica mais urbana. Comércio forte, serviços regionais consolidados, saúde e educação atraindo gente de fora, e uma posição logística que ajuda bastante. O resultado aparece no bolso, o PIB per capita do município saiu de algo próximo a R$ 7,8 mil em 2010 para cerca de R$ 15,7 mil em 2023. Um crescimento acima de 100% em pouco mais de uma década.

Euclides da Cunha também avançou, e avançou bem. De aproximadamente R$ 7,2 mil por habitante em 2010 para algo em torno de R$ 14,3 mil em 2023. Crescimento expressivo, sustentado por uma base agropecuária forte, comércio regional ativo e serviços públicos que mantêm a cidade como referência no sertão mais profundo.

A diferença média de renda por habitante entre as duas cidades ficou, ao longo do período, entre R$ 900 e R$ 1.400. Não é um abismo, mas é suficiente para alimentar comparações e provocar aquela disputa silenciosa que nunca vira briga aberta, mas também nunca desaparece.

No fundo, a rivalidade não é sobre quem é melhor. É sobre modelos diferentes de liderança regional. Euclides da Cunha carrega o peso da população, da tradição sertaneja e da força produtiva do campo. Ribeira do Pombal responde com dinamismo urbano, serviços e maior geração de renda média.

Duas cidades irmãs na origem, diferentes na vocação, igualmente decisivas para o desenvolvimento do semiárido baiano. No fim das contas, o sertão ganhou duas líderes. E a rivalidade, longe de ser problema, virou motor. Porque quando uma cresce, a outra corre para não ficar atrás. E quem ganha com isso é a região inteira.

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