Após dois anos sem São João, fogos de artifício mais procurados dobraram de preço
Festa junina na Bahia também é sinônimo de fogos de artifício. A criançada adora e os adultos também se divertem. Mas, este ano, a brincadeira está bem mais cara. Os artefatos mais consumidos pelos baianos aumentaram 100% em comparação com o último São João, comemorado em 2019, antes do começo da pandemia.
A reportagem pesquisou a lista que inclui os quatro itens preferidos dos fogueteiros juninos: traque de massa, traque de riscar, chuvinha e vulcão. Na Feira de Fogos de Artifício de Salvador, antes da emergência sanitária da covid-19, a caixa do estalinho saia por R$ 12 ou R$ 15. Agora, é encontrada por R$ 30. A embalagem com 20 traques de riscar custa R$ 20, mas já chegou a ser vendida por R$ 10 em 2019.
O vulcão, que pode ser encontrado de diversos tamanhos, agora custa entre R$ R$3,00 e R$50, antes poderia ser adquirido de R$1,5 até R$25. A chuvinha de prata era R$10, e passou a valer R$20 e a colorida era R$25, agora é R$50. Os foguetes sofreram um reajuste menor, de 14% .O de 12×1 tiros, que era comercializado por R$35, passa a ser vendido por R$40.
“Assim como tudo aumentou, não foi diferente com os fogos. Primeiro pelo combustível, porque o diesel subiu demais. Depois temos a pandemia, que ainda estamos vivendo os resultados dela e a falta de matéria prima para a fabricação dos produtos. Falta papel, papelão e pólvora. Isso faz com que os preços subam”, explica Paulo Barreto, diretor da Associação de Comerciantes de Fogos de Artifício de Salvador (Acomfart).
Os materiais que estão em falta são indispensáveis para a fabricação do carro chefe de vendas na Feira, o traque de massa. Gilson Froes tem uma barraca no local e também fabrica o artefato. “O nitrato de prata, o etanol e o clorato de potássio sofreram um reajuste de 200%, por causa do dólar caro. Coisas que a gente precisa para desenvolver o produto. Mas mesmo assim estamos vendendo”, disse o vendedor.
Famílias que foram à feira de fogos acabaram gastando mais que o previsto (Foto: Paula Fróes/CORREIO) |
Explosão no bolso
Para os comerciantes da Feira, o movimento ainda não superou o período anterior à pandemia, mas tem sido satisfatório. Já para os compradores, a satisfação está passando longe. Priscila Santos, de 33 anos, estourou o orçamento em mais de 100%, por causa da alta no valor dos fogos de artifício.
“Está pesando no bolso. Não teve jeito. Eu vim para tentar economizar, mas tive um gasto que eu não esperava, ultrapassou muito o valor planejado. Aqui [na sacola] só tem fogos para as crianças e um pra mim. Queria gastar R$50 ou R$70, no máximo, e gastei R$100 a mais. Só estou levando mesmo para fazer a alegria das crianças”, disse Priscila.
Com o casal Henrique Gama, 29, e Ana Paula Silva, 30, não foi diferente. Eles foram comprar os fogos com os filhos Heitor e Júlia Gama, de 5 anos, e com a avó deles, Elienaldes da Silva, 47, e gastaram o dobro do que pretendiam.
“Foi uma surpresa. A gente veio aqui achando que o preço estava mais em conta e mudou totalmente, foi o dobro do valor. Vim pegar um traquizinho que antes custava R$20, agora está R$40”, contou Henrique, que gastou R$180.
Mesmo com os artefatos estando mais caros, o diretor da Acomfart alerta que quem deixar para garantir os produtos de última hora, poderá correr o risco de não encontrar o que procura, justamente pelo percentual do estoque que está em falta e pela redução no número de barracas da Feira, esse ano.
“Em 2019 armamos 14 barracas, desta vez só armamos sete, porque se fosse para colocar as 14, a gente não revenderia nada. Teríamos que dividir os fogos para todas e não valeria o investimento para pouco produto. Então, eu acredito que quem deixar para última hora vai correr o risco de ficar sem um vulcão, uma chuvinha ou um traque, por causa da falta de matéria prima. O estoque que temos aqui não vai ser reposto, é tudo o que temos para este ano”, alertou.
Cuidados
Apesar de ser tradição nesta época, é importante destacar que o manuseio de fogos de artifício pode ser perigoso se usado sem os cuidados adequados. Por isso, o tenente do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBM-BA), Rodolfo Barreto, dá algumas dicas para o uso seguro dos artefatos.
A embalagem de todos os produtos contém instruções de uso, elas devem ser lidas e seguidas. Os fogos têm classificação indicativa de idade, elas também têm que ser respeitadas. O prazo de validade é outro fator que não pode ser desconsiderado na hora da utilização.
“A gente não deve usar o material se ele apresentar algum indício de que a embalagem foi rompida ou mal acondicionada. Caso a pessoa tente acender o produto e ele falhe, a reutilização também não é indicada”, alertou Rodolfo.
O uso dos fogos em lugares fechados só é permitido se estiver descrito nas instruções. O melhor é optar por lugares abertos. Caso ocorra algum acidente, a queimadura deve ser lavada em água corrente por 10 segundos e, em seguida, a vítima deve ser encaminhada ao pronto socorro. Já em situações graves, a pessoa ferida deve ser levada imediatamente para o hospital, e qualquer procedimento em casa deve ser evitado.
Transportar os fogos no veículo durante a viagem também não é contra indicado pelo bombeiro. “O ideal é adquirir os produtos no local de destino. O transporte precisa de regularizações que o civil não tem, porque ele entra como um material inflamável e perigoso”, recomendou Rodolfo. De acordo com ele, além de garantir a segurança dos passageiros, a compra dos artefatos na cidade de destino ainda é uma maneira de incentivar a economia local.
Produtos mais procurados (caixa)
Traque: de R$20 a R$30
Traque de riscar: de R$20 a R$50
Chuvinha: de R$5 a R$30
Vulcão: de R$30 a R$50
Foguete 12×1: R$30
*Com a orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo
Fonte: Correio