Saúde

Cansaço em excesso? Deficiência de ferro pode ser a explicação

Hortaliças verde-escuras são ricas em ferro e, incluídas na alimentação, podem evitar anemia
PIxabay

A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que 33% das mulheres não grávidas, 40% das grávidas e 42% das crianças em todo o mundo são anêmicas e a principal causa da anemia é a deficiência de ferro no organismo. Um mal silencioso que pouca gente sabe que tem. 

O cardiologista Hélio Osmo, presidente da SBMF (Sociedade Brasileira de Medicina Farmacêutica) e gerente da área médica da Farmacêutica Zambon, explica que as pessoas têm o hábito de associar os sintomas da falta de ferro com outras questões consideradas menos graves. 

“Os sintomas da deficiência de ferro são leves e subjetivos, como o cansaço e sono excessivos e a dificuldade para realizar tarefas complexas e que exigem atenção. Muitas vezes as pessoas associam essa fadiga ao excesso de trabalho, a uma noite mal dormida ou a rotina cheia de tarefas. Com isso, as pessoas acabam sem buscar um médico e aprendem a conviver com o problema.”

Outros fatores que podem ajudar na percepção do problema são a queda de cabelo e o enfraquecimento das unhas, que ficam quebradiças.

As mulheres e as crianças de até 5 anos são os mais atingidos com a deficiência do ferro. Nos dois casos a falta de uma alimentação correta é a principal causa do problema. “A deficiência de ferro acontece basicamente porque as pessoas não ingerem ferro. É possível a ingestão com alimentação correta. O ideal é se alimentar com vegetais verde-escuros, como brócolis, espinafre, e também carne. Cada vez mais as pessoas estão evitando a carne vermelha, por ter um tipo de gordura que é prejudicial, mas causa deficiência alimentar”, alerta Osmo.

A menstruação agrava a falta do mineral nas mulheres, “a partir de quarto dia de menstruação, a paciente já tem deficiência de ferro”, diz o médico. 

Quais são as consequências do problema?

A deficiência quando pode levar à anemia, mas os efeitos são sentidos muito antes de chegar ao ponto mais grave. “A criança tem prejuízo no desenvolvimento cognitivo, tem dificuldade de aprendizado na escola. No caso de menores, elas têm dificuldade no desenvolvimento da fala, do entendimento das situações. Ou seja, é uma deficiência cognitiva que vai acompanhando essa criança por toda a vida e depois ela pode ter dificuldade para recuperar”, pontua o cardiologista. 

E, acrescenta os danos à saúde feminina. “Na adolescência, a mulher está na fase escolar e atrapalha o aprendizado, dá sonolência, tem queda de cabelo, unhas quebradas e principalmente a falta de atenção. Na idade adulta, a mulher profissional, que tem muita solicitação no dia a dia, tem um cansaço muito grande. Estão associadas a menstruação e à deficiência alimentar, porque a alimentação urbana que temos não facilita a reposição de ferro.” 

Entre as crianças, até os três anos de idade, os pediatras indicam a reposição do ferro. Já no caso dos adultos, o médico salienta que o uso de multivitamínicos nem sempre é indicado. “Os suplementos de ferro na vida adulta estão juntos com compostos polivitamínicos, que competem com o ferro na absorção intestinal e ele acaba ficando pra trás, porque é uma molécula grande e o intestino precisa ter um gasto de energia maior para a absorção”, afirma Osmo. 

Como perceber a falta de ferro no organismo?

O mais indicado é manter a alimentação saudável e a rotina médica em dia. O diagnóstico é feito a partir de um exame de sangue que mede o nível de ferritina, proteína produzida pelo fígado, responsável pelo armazenamento do ferro no organismo. Já na criança só é feito o teste de laboratório quando há uma infecção ou quando ela tem uma palidez importante e o médico quer detectar uma anemia.

O idoso tem problema de deficiência de ferro?

Os idosos também apresentam taxas de deficiência de ferro relevantes. Naturalmente, a partir dos 60 anos há uma perda de massa óssea, massa muscular e o idoso tem dificuldade para se alimentar com comidas de mastigação por causa de problemas na dentição, o que dificulta a digestão.

“Eles se alimentam menos, preferem tomar líquidos e com isso a entrada de vários nutrientes acaba ficando prejudicada: a proteína, os micronutrientes, os nutrientes antioxidante. O idoso tem deficiência de ferro, por causa da deficiência nutricional da principal fonte de ferro que é a carne”, orienta o especialista. 

Além da sonolência, do cansaço e da indisposição, a falta do mineral exacerba os sintomas das outras doenças naturais do envelhecimento, já que ele tem menos defesa. “O idoso também aprende a conviver com o problema, porque até ele ficar pálido, que é o principal sintoma da anemia, ele vai conviver bastante com a deficiência”, observa Hélio. 

E alerta: “A deficiência de ferro agrava as outras deficiêncis do idoso. Ele terá menos condições de se recuperar de uma pneumonia, as deficiências visual, auditiva e atenção podem piorar.”

 

Fonte: Saúde R7

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