Tóquio, dia 1 – Frustração, o Brasil termina sem uma única medalha
COB/Miriam Jeske
Cinco anos atrás, nos Jogos do Rio/2016, no primeiro dia das competições de fato, aquelas que acontecem depois da Cerimônia de Abertura e já passam a valer medalhas, frustrou-se quem fantasiava a possibilidade de, ao menos, se repetir a performance de Londres/2012. Então, o Brasil havia conquistado três medalhas: uma de ouro e uma de bronze no Judô, por Sarah Menezes e por Felipe Kitadai; uma de prata na Natação, Thiago Pereira.
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No Rio ocorreu uma única, de prata, de todo modo num Esporte que não vivia glória semelhante desde a remota Oímpíada de Amsterdam/1920, os idos do pioneiríssimo Guilherme Paraense (1884-1968). Foi no Tiro Esportivo que Felipe Wu arrebatou uma prata na disputa da Pistola de Ar Comprimido, 202,1 pontos, um nadinha atrás dos 202,5 do vietnamita Xuan Hoang. Wu só perdeu o ouro, que já parecia seu, infelizmente, num último disparo. Em Tóquio, agora, fantasiava a possibilidade de escalar mais um degrau no pódio. Pois voltará ao Brasil sem nada. E aliás, desta vez, no Dia 1, ficou sem nada o Brasil, zero.
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Também duelou pelo pódio uma garota especialista em um outro tipo de arma, saudavelmente pacificada graças ao Esporte, a Esgrima. Uma brasileira nascida em Milão, Itália, 35 anos, canhota, campeã no Mundial da Hungria em 2019, Nathalie Moellhausen buscou a sua medalha na Espada. Embora melhor, no ranking, do que a sua rival, a italiana Rossella Fiamingo, a terceira contra a 30ª, iniciou o seu primeiro jogo atrás na contagem de toques, revirou o placar, chegou a passar à frente e, no entanto, sucumbiu na prorrogação, 9 X 10. Parece incrível que não haja alguma repescagem da Esgrima. Abismada pela sua infelicidade, Nathalie deixou a pista arrasada, sem segurar um pranto justíssimo.
AFP/Mohd Rasfan
Houve, ainda, dois combatentes no Judô, habitualmente um Esporte no qual o Brasil coleciona lauréis. Gabriela Chibana, 27, uma paulistana descendente de japoneses, na mesma categoria de Sarah Menezes, até 48kg. E Eric Takabatake, paulista de São Bernardo do Campo, 30 de idade, igualmente nissei. Não estavam entre os favoritos. Na estreia, Gabi mal permitiu que Harriet Bonface, do Malawi, se adaptasse ao tatame. Desferiu-lhe um golpe perfeito, o Ippon, em 14”. Taka enfrentou Soukphaxay Sithisane, do Laos. Aplicou-lhe um Waza-Ari a 1’20” de acabar o tempo de cinco. E venceu com um outro, a 43”.
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Muito mais complicada seria a segunda peleja de Gabi, na fase das oitavas de final, diante de Distria Krasniqi, do Kosovo, a campeã da Europa e número 1 do ranking do seu peso. Resistiu até receber um Ippon da adversária a 1’14 do encerramento regular. Estivesse nas quartas de final, teria direito à repescagem. E também foi difícil a empreitada seguinte de Taka, diante de Kim Won-Jin, da Coréia do Sul, dois bronzes nos últimos Mundiais. Pena. Resistiu mais do que Gabi, levou a pugna até os 2’41” do “golden score”, mas não pôde impedir um Waza-Ari. Como Nathalie, Gabi chorou bastante, Taka mal conseguia falar.
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Enfim, para o Brasil, no Dia 1 dos Jogos de Tóquio, uma derradeira chance de pódio sobrou com Felipe Wu, um paulistano de 29 anos, neto de chineses, que competiria mais tarde, bem depois da eliminação dos seus colegas de delegação. Não creio que ele soubesse da sua condição de único do País em busca da medalha número um no Dia 1. A sede do Tiro Esportivo fica no Asaka Shooting Range, espaço campestre a 25 quilômetros do centro nervoso de Tóquio. Um lugar sereníssimo, bucólico, protegido dos burburinhos.
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Além disso, o seu Esporte exige uma absurda e inumana concentração mental, um insano controle muscular. Bem mais provável que, antes da prova, ele tivesse recorrido a um recanto recluso qualquer e, então, desabado no sono. De qualquer forma, não importa, nem interessa descobrir. Com uma atuação abaixo de medíocre, Felipe Wu somou patéticos 566 pontos em 600 disponpíveis e se limitou à 32ª colocação em um total de 36 competidores. Apenas os oito melhores vão à decisão. Com 573, Xuan Hoang também fracassou, 22ª posição. Na fase classificatória, o primeiro, 586, foi o indiano Chaudhary Aurabh. Detalhe: o sistema de contagem, nas eliminatórias, é bem diferente daquele da qualificação. Por isso, não se deve comparar as performances de Felipe Wu no Brasil e em Tóquio. O antigo vice-campeão simplesmente teve a pior atuação da sua bela carreira.
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Fonte: Esportes R7