Fiocruz vai estudar efetividade da vacinação no Complexo da Maré
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Reprodução Junius Wikimedia Commons
A Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz) vai fazer um estudo inédito sobre a efetividade da vacinação no Complexo da Maré, maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro, onde habitam cerca de 140 mil pessoas. Além da eficácia da campanha de imunização, os pesquisadores vão analisar aspectos da covid-1, como dinâmica de transmissão do vírus no território, a vigilância das variantes e acompanhamento de possíveis efeitos adversos das vacinas.
O pesquisador Fernando Bozza, coordenador da pesquisa, explica que é uma pesquisa diferente das feitas nas cidades de Botucatu e Serrana, em São Paulo; e na Ilha de Paquetá, também na capital carioca.
“Olhar o impacto da vacinação numa grande comunidade já seria algo inédito. Agora pensar que isso será realizado na Maré, que tem dimensão populacional superior a 96% dos municípios do país, é algo único, que nos permitirá um mapeamento com características singulares”, explicou Bozza.
O estudo está embasado em duas ações: vacinação e testagem em massa. De 29 de julho a 1º de agosto, toda a população adulta jovem, a partir dos 18 anos, será vacinada pelo menos com a primeira dose da vacina AstraZeneca. A meta é antecipar a vacinação de 31 mil pessoas, que junto com as demais faixas etárias que já haviam sido contempladas pelo calendário do município, passam a ser monitoradas pelos grupos de pesquisa.
Para avaliar a e efetividade da vacina, serão analisados os critérios: idade, sexo, tipo de vacina ministrada, tempo de infecção após a vacinação, tempo até a segunda dose, ocorrência de casos graves e prevenção de óbitos.
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A partir da vacinação, os testes começarão a ser feitos. Crianças e adolescentes, que não estão no público-alvo da vacinação, também serão acompanhados. “Um dos objetivos do estudo é entender a dinâmica da transmissão e a proteção indireta que esse grupo pode adquirir uma vez que a família esteja imunizada. Queremos entender se a vacinação em massa da população adulta inibe a circulação do vírus de forma a proteger também as crianças e os adolescentes”, explica o pesquisador da Fiocruz.
Os exames serão feitos em duas linhas de atuação. A primeira será na identificação de casos sintomáticos que serão submetidos ao teste de PCR, após os moradores informarem presença de sintomas da covid-19. Além disso, as equipes do estudo acompanharão as atividades das UBS (Unidades Básicas de Saúde) para orientar a realização do teste molecular dentro da janela de sete dias desde o início dos sintomas.
Os resultados serão cruzados com o monitoramento da situação vacinal e o desfecho do quadro, com sua classificação final de gravidade. Assim, os pesquisadores conseguirão calcular a proteção que a vacina está conferindo à população. Os resultados positivos serão encaminhados para sequenciamento genético, a fim de identificar possíveis variantes do vírus e colaborar na vigilância genômica da região.
A segunda linha de atuação será a análise de 2 mil famílias residentes na Maré, mobilizando, cerca de 8 mil pessoas, que serão acompanhados por seis meses. Na ação, será realizada a avaliação de soroprevalência, proporção de vacinados e ocorrência de casos, com o intuito de mapear a transmissão do vírus no ambiente familiar.
A análise incluirá também os membros que não são público-alvo da vacinação: “É nesta etapa que conseguiremos levantar os dados para responder a questão se ao vacinar os adultos, também protejo as crianças?”, explicou o Bozza.
A pesquisa está sendo feita com o apoio da ONG Redes da Maré, instituição com mais de 20 anos de atuação na comunidade, e da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro.
Fonte: Saúde R7