Justiça vai decidir se médico que matou colega vai a júri popular em Feira de Santana
A Justiça da Bahia tem 20 dias para decidir se o médico Geraldo Freitas Junior, investigado por matar o colega Andrade Lopes Santana, 32 anos, vai a júri popular. A primeira audiência de instrução foi realizada nesta sexta-feira (26), em Feira de Santana, seis meses após o crime.
Dez testemunhas foram ouvidas na audiência que durou 10 horas e acabou por volta das 20h, segundo a TV Bahia.
Andrade foi morto com tiro na nuca (Foto: Reprodução) |
A juíza responsável pelo caso aguarda agora as alegações do Ministério Público e da defesa do acusado para decidir sobre o júri.
O corpo de Andrade foi encontrado no Rio Jacuípe, em São Gonçalo dos Campos, com um tiro na nuca. A defesa de Geraldo alega que o tiro foi acidental.
Vítima e investigado fizeram faculdade juntos
Geraldo Freitas Junior foi preso horas depois do aparecimento do corpo. O acusado foi o responsável por registrar o desaparecimento do amigo na delegacia de Feira de Santana. Vítima e acusado estudaram medicina juntos, em uma faculdade na Bolívia. Concluído o curso, os dois se mudaram para o interior da Bahia, para trabalhar.
Andrade morava em Araci, cidade que fica a cerca de 100 km de Feira de Santana. Geraldo Freitas Junior chegou a receber os familiares da vítima, que moram no Acre, quando chegaram à Bahia. De acordo com peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT), foi constatado um disparo de arma de fogo na nuca e uma corda no braço amarrada a uma âncora para que o corpo afundasse nas águas do rio Jacuípe.
Segundo o delegado Roberto Leal, a polícia começou a suspeitar de Geraldo Freitas após contradições apresentadas no depoimento, onde ainda era testemunha. Depois, foi identificado que Geraldo foi quem comprou a âncora encontrada com o corpo da vítima. Ainda segundo a polícia, o suspeito e a vítima tinham combinado de andar de moto aquática.
A versão apontada pelo colega de Andrade na delegacia era a de que o amigo tinha comentado que sairia para comprar a moto, o que foi descartado. Uma moto aquática foi encontrada no condomínio onde o suspeito foi preso, em Feira de Santana.
Assassino confortou mãe após o crime
Mãe de Andrade, Domitila Lopes, que deixou o Acre, onde mora, para acompanhar as investigações sobre o desaparecimento do filho, disse que foi confortada pelo suspeito. Ao Acorda Cidade ela disse que o acusado do crime chegou a levar a irmã de Andrade até o local onde o carro da vítima foi encontrado.
“Isso é um absurdo.É muito triste. A gente não merece isso. Eu fui abraçada pelo assassino, ele me confortava, chorou comigo, sentiu a minha dor junto comigo. Isto é muito triste. Ninguém merece isso, eu estou arrasada com isso. Eu reconheci o corpo do meu filho pelos pés porque o resto estava deformado. Mataram meu filho de joelhos. Eu creio que meu filho teve tempo de se consertar com Deus. Meu filho tinha um projeto de ajudar os pobres, ele trabalhava na assistência social, ele era um menino de ouro. Era um menino bom, não merecia ter morrido assim”, disse.
“Eu estou arrasada, eu estou tendo conforto das orações do Brasil, que está sentindo a minha dor junto comigo. Meu filho foi traído, confiou no amigo. Se dizia doutor, não sei se é doutor, dava plantão e tudo, e depois fazer uma coisa dessas com um ser humano tão bom”, lamentou.
Segundo Domitila, durante o tempo em que esteve com a irmã de Andrade, o acusado do crime teria apontado amigos de médico como suspeitos de envolvimento no crime para tentar despistar sua participação.
“Ele começou a culpar os amigos dele. Olha, cuidado com fulano porque fulano não tem uma cabeça legal, e ficava jogando um contra o outro, tentando maquiar, né. Maquiar a participação dele no crime. Graças à oração do Brasil, Deus permitiu que viesse à tona. Minha filha estava perto, foi junto com ele ver onde estava o carro, ele disse que estava falando com a mãe dele sobre Londres, ele já estava querendo ir embora do Brasil. Deus não permitiu. Ele vai pagar por tudo isso. Se você é cristão tem que perdoar né, mas a pena dele, ele vai ter que pagar né”.
Fonte: Correio