Cuidar do sono pode ajudar na prevenção do câncer de próstata
PIxabay
No mês marcado pela atenção aos cuidados com a saúde dos homens, o Novembro Azul, pesquisadores do Instituto do Sono de São Paulo pretendem descobrir quais os efeitos da apneia obstrutiva do sono sobre o PSA (antígeno prostático específico), principal biomarcador usado para detectar o câncer de próstata.
O biólogo Allan Saj Porcacchia, autor do estudo, explica que outras pesquisas sugerem que o distúrbio do sono pode ser um dos fatores de risco para o tumor maligno. “Pelos estudos que foram feitos recentemente, é notada uma associação. Mas, como são pesquisas observacionais, não tem uma avaliação do porquê há maior incidência de câncer de próstata em homens com apneia obstrutiva do sono”, diz ele.
E acrescenta: “nossa análise, também serão consideradas outras variáveis, como concentrações de alguns hormônios (testosterona e estrogênio, por exemplo), fatores inflamatórios, idade e índice de massa corporal (IMC). Podemos dizer que o estudo avaliará indiretamente essa associação, buscando entender quais desses fatores, juntamente com a apneia obstrutiva do sono, poderiam alterar os níveis de PSA.”
O estudo vai usar como base de dados da 4ª edição do EPISONO, pesquisa feita pelo Instituto do Sono que verifica a qualidade e a influência dos distúrbios de sono na saúde da população de São Paulo.
Ainda não são claros os motivos que podem relacionar as duas doenças. Mas é sabido que a falta do sono gera uma série de problemas ao organismo, entre eles estão o estado de inflamação crônica do corpo e a queda do sistema imune.
“A partir do momento que o paciente com apneia obstrutiva do sono tem um sono de má qualidade, ele terá uma qualidade de vida afetada. Isso, associado à inflamação crônica, vai atingir o sistema imune, que pode ficar enfraquecido. De alguma maneira, interfere na capacidade das células reconhecerem o corpo estranho, seja ele um vírus, uma bactéria e até mesmo uma célula tumoral”, observa Allan.
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A apneia obstrutiva do sono é caraterizada por várias paradas na respiração durante o sono, o que pode gerar uma falta de oxigenação. “Mesmo sendo interrupções breves, elas podem ocorrer várias vezes numa mesma noite, por vários dias seguidos e acaba gerando um stress oxidativos. Isso vai diminuir a saturação de oxigênio no sangue, o que vai afetar a oxigenação do organismo. Já se sabe que na falta de oxigenação, que é chamada hipoxia, existe uma modulação no metabolismo das células tumorais que elas preferem essas vias de menor oxigenação”, alerta o biólogo.
A grande preocupação dos especialistas é que muitas pessoas têm a apneia obstrutiva do sono e não sabem. Os principais sintomas do distúrbio são o ronco excessivo, sonolência durante o dia, o cansaço na hora que acorda mesmo depois de uma noite de sono, a sensação de que a pessoa está dormindo e acorda sem ar e dormir de boca aberta.
Além de outros sinais mais subjetivos, como alteração de humor, memória e diminuição da libido. O diagnóstico é feito por meio de um exame chamado polissonografia, que não tem cobertura no SUS (Sistema Único de Saúde).
“Além dos exames mais difundidos, que são o toque retal e o exame PCA, é importante que os homens busquem um profissional do sono, caso apresente alguns dos sinais do distúrbio do sono. Não podemos dizer que a apneia obstrutiva do sono cause o câncer de próstata, não há causalidade. Provavelmente existe um risco aumentado da doença nesse grupo”, conclui o pesquisador.
Fonte: Saúde R7